A vigília convocada por Flávio Bolsonaro em frente à casa de Jair Bolsonaro, no Rio de Janeiro, foi um dos elementos decisivos considerados pela Polícia Federal e pelo Supremo Tribunal Federal (STF) para o pedido de prisão preventiva do ex-presidente. O ato, divulgado pelo senador em um vídeo publicado nas redes sociais, chamou apoiadores para orações “pela saúde de Bolsonaro e pela liberdade do Brasil”, o que acendeu um alerta interno sobre possíveis mobilizações que pudessem interferir na fiscalização da prisão domiciliar.
Segundo fontes da Polícia Federal, a convocação repercutiu como um sinal de possível tumulto e aglomeração de apoiadores. Para os investigadores, a movimentação poderia ser utilizada com o objetivo de dificultar a atuação policial, inclusive criando condições para uma eventual fuga do ex-presidente.
A decisão do ministro Alexandre de Moraes, divulgada no STF, reforça esse entendimento. O magistrado afirmou que a vigília convocada por Flávio Bolsonaro indicava “altíssimo risco para a efetividade da prisão domiciliar decretada” e também para a “efetividade da lei penal”. Para Moraes, havia a clara possibilidade de o grupo ser mobilizado para atrapalhar inspeções, fiscalizações e ações policiais de rotina previstas nas medidas cautelares.
Moraes também destacou, na decisão, que o vídeo publicado por Flávio Bolsonaro repetia ataques ao Poder Judiciário, especialmente ao STF, ao reafirmar a narrativa de que Jair Bolsonaro estaria sendo alvo de “perseguição” e de uma suposta “ditadura” instaurada pela Corte. O ministro classificou essa retórica como uma “narrativa falsa”, inserida em um padrão já identificado pela PF em investigações anteriores.
Em outro trecho, Moraes afirmou que, embora o ato fosse apresentado como uma “vigília pela saúde” de Jair Bolsonaro, a conduta revelava a repetição do “modus operandi da organização criminosa liderada pelo réu”, que frequentemente utiliza manifestações populares para obter vantagens pessoais ou criar obstáculos às instituições.
O vídeo de convocação, publicado por Flávio Bolsonaro na manhã de sexta-feira (21), reforçava o pedido para que apoiadores comparecessem ao condomínio onde mora o ex-presidente, com o objetivo declarado de formar uma corrente de orações. A PF avaliou que tal mobilização poderia se tornar um catalisador de novos atos de contestação contra decisões judiciais, justificando o pedido de prisão preventiva.
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