Faltando apenas três dias para o prazo final anunciado para a implementação de uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, o governo de Donald Trump indicou a possibilidade de um recuo, com a criação de exceções para certos itens. Entre os produtos que podem ser beneficiados estão o café, a manga e o cacau, essenciais nas relações comerciais com o Brasil.
A declaração foi feita nesta terça-feira (29) por Howard Lutnick, secretário de Comércio do governo de Donald Trump, em entrevista à emissora CNBC. Segundo ele, “produtos que os Estados Unidos não produzem” não devem ser penalizados com a nova taxa. Lutnick citou nominalmente a manga e o café como exemplos.
O alívio, se confirmado, representa uma possível vitória para o agronegócio brasileiro. O café, por exemplo, é item indispensável nos Estados Unidos, onde 76% da população consome a bebida regularmente. O Brasil é um dos principais fornecedores de grãos para empresas americanas, como a rede Starbucks, que compra cerca de 22% de seu café de produtores brasileiros. A aplicação da tarifa elevaria custos e, consequentemente, o preço final ao consumidor.
Outro setor beneficiado com uma eventual exceção seria o de frutas tropicais, em especial a manga. A produção nos EUA é quase inexistente, e o Brasil figura como o terceiro maior exportador da fruta para o mercado americano, respondendo por aproximadamente 8% das importações.
O cacau também entrou no radar. Embora menos discutido, o grão é um dos dez produtos agropecuários mais exportados do Brasil para os Estados Unidos, que responderam por cerca de 18% dessas exportações entre 2020 e 2024. Como o cacau não é cultivado em larga escala nos EUA, o produto depende essencialmente da importação, o que fortalece o argumento pela isenção.
China se movimenta para aproveitar brecha
Enquanto os EUA avaliam exceções, a China já se posiciona para ocupar possíveis lacunas comerciais. Em declaração dada ao Fórum Onze e Meia nesta terça-feira, o presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Ricardo Cappelli, informou que a Embaixada da China demonstrou interesse em abrir negociação direta com empresários brasileiros prejudicados pela nova política tarifária americana.
A guerra comercial ganhou força após articulações entre Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e Donald Trump, que reaproximaram as alianças políticas em detrimento dos interesses econômicos do Brasil. Diante disso, o governo Lula busca alternativas diplomáticas e comerciais para proteger setores estratégicos da economia nacional.
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