O atacante Dudu, do Atlético Mineiro, foi punido nesta sexta-feira (18) pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) com seis jogos de suspensão e multa de R$ 90 mil por ofensas dirigidas à presidente do Palmeiras, Leila Pereira, em publicações feitas nas redes sociais no início do ano.
A decisão foi tomada por unanimidade na 5ª Comissão Disciplinar do STJD, em sessão realizada no Rio de Janeiro. Conforme o tribunal, a pena é de cumprimento imediato, o que deixa o jogador fora da partida entre Atlético-MG e Palmeiras, marcada para domingo (21), às 17h30, pelo Campeonato Brasileiro. A defesa ainda pode recorrer.
O caso foi enquadrado no artigo 243-G do Código Brasileiro de Justiça Desportiva, que trata de atos discriminatórios, desdenhosos ou ultrajantes relacionados a raça, sexo, idade ou condição de pessoa idosa, entre outros. A infração foi considerada “gravíssima” pelo procurador do STJD, Ronald Barbosa Filho. A pena prevista varia de cinco a dez jogos de suspensão, além de multa entre R$ 100 e R$ 100 mil.
A relatora do processo, Renata Baldez, sugeriu inicialmente seis jogos e multa de R$ 60 mil. A proposta foi acompanhada pelos auditores Ramon Rocha e Raoni Vita, mas o presidente da Comissão, Paulo Ceo, votou pelo aumento da multa para R$ 90 mil, considerando o alto padrão salarial do atleta.
A sessão, que durou quase quatro horas, contou com depoimentos de Leila Pereira, de representantes da União Brasileira de Mulheres (UBM), autora da denúncia e dos advogados Carlos Nicodemos, pela UBM, e José Eduardo Coelho Branco Junqueira Ferraz, que defende Dudu.
O jogador não compareceu presencialmente, justificando sua ausência por estar com a delegação do Atlético-MG na Colômbia, onde enfrentou o Bucaramanga pela Copa Sul-Americana. No entanto, enviou um vídeo exibido durante a sessão.“Venho pedir desculpas a todas as mulheres que se sentiram ofendidas pela minha fala. Respeito muito o tribunal e estou ausente por estar cumprindo meu trabalho pelo clube”, disse o jogador no vídeo.
Leila criticou a ausência de Dudu, chamando-o de covarde e questionando a sinceridade do pedido de desculpas.“Gravou um videozinho que deve ter lido no teleprompter. Deve ter repetido 500 vezes pra ver se estava mais bonitinho. Quem agride, ofende, e não tem coragem de vir aqui, é covarde”, declarou.
Após a decisão, a dirigente se manifestou novamente por meio de nota. “A punição aplicada pelo STJD é histórica e representa uma vitória para todas nós, mulheres, que somos covardemente agredidas e desqualificadas todos os dias. Essa pena tem caráter pedagógico e mostra que a violência contra a mulher é inaceitável e deve ser punida com rigor”, afirmou Leila.
Entenda o caso
O conflito entre Leila Pereira e Dudu teve início no fim de 2023, quando o jogador rescindiu contrato com o Palmeiras após uma negociação frustrada com o Cruzeiro. Leila, na época, afirmou que o atleta havia “saído pela porta dos fundos”. Em resposta, Dudu publicou:“O caminhão estava pesado e mandaram eu sair pelas portas do fundo!!! Minha história foi gigante e sincera, diferente da sua, senhora Leila Pereira. Me esquece. VTNC.”
Leila, em entrevistas posteriores, disse acreditar que as ofensas foram motivadas por misoginia.“Se fosse um homem, ele não teria coragem de fazer isso. Não tenho dúvidas de que tudo o que esse atleta fez é porque sou mulher”, declarou à época.
Além do processo no STJD, o caso também corre na Justiça comum. Leila move uma ação civil contra o atacante, enquanto Dudu apresentou uma queixa-crime por difamação e injúria. A audiência da ação penal está marcada para o dia 26 de agosto, na 13ª Vara Criminal da Comarca de São Paulo.
Com supervisão de Marcos Silva.





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