Ele sempre me conta o que sonhou com detalhes que parecem saídos de fábulas e livros antigos. Dragões, sequoias seculares, gigantes ciclopes e me pergunto: seria verdade? E por que alguém mentiria o sonho? Por que eu desconfiaria do sonho alheio? Nunca menti um sonho, mas já menti as verdades. E se ele mentiu o sonho e não mentiu a verdade, mentiu menos do que eu? Sonho já nasce mentira? Enquanto penso lembro do menino pequeno levando pela mão outro menor ainda que me abordou lá no Céu das Artes e perguntou: “É aqui que estão distribuindo sonhos para crianças?” Não dei conta de responder, pois mal sei me encaminhar quanto aos sonhos dos adultos… Minutos mais tarde, lá também ganhei sonho e nem sou criança.
Voltemos, o assunto: como reconhecer se o sonho foi sonhado ou inventado? E se foi inventado não teria sido ativamente sonhado? O meu, na memória do sabor experimentado quando criança, tem recheio de goiabada.
Autoria: Renata Regis Florisbelo
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