Teu rosto, imagem que é visita recorrente, se mistura dentro do meu peito e me faz revirar feito terra remexida, revolvida, preparando-a para o plantio.
Um arrepio… Eu sei, não está vazio! Não há vazio depois de uma presença tão cheia de vida que preenche com memória viva. Uma angústia tenta me assolar e eu apenas observo e deixo que ela venha se revelar. Marcas ficam no corpo e na alma, no corpo sutil das lembranças, no fio vivo das recordações que sustentam as contas que se contam no rosário.
A saudade bate no peito, como o beija-flor bate as asas no ar a sustentar o corpo. Minhas saudades são asas de beija-flor e me angustia sustentar-me no ar sem tua presença.
O peito respira, o coração aperta o passo e o pulso como o caminhante no beco escuro a procura de sair seguro. Saudade assusta, é gatuna malandra e oportunista, nem se incomoda em deixar pistas de que veio para ficar e não dá sinais de terminar…
Autoria: Renata Regis Florisbelo
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