O ex-governador e ex-senador Roberto Requião, juntamente com seu filho, o deputado estadual Requião Filho, anunciou sua filiação ao Partido Democrático Trabalhista (PDT), uma movimentação que poderá acentuar a ruptura de laços com o Partido dos Trabalhadores (PT) e impactar as eleições de 2026 no Paraná.
Após uma longa trajetória de mais de quarenta anos no Movimento Democrático Brasileiro (MDB), Roberto Requião se uniu ao PT em março de 2022, visando concorrer novamente ao governo do estado. Ele obteve 26,23% dos votos válidos no primeiro turno, que foi vencido por Ratinho Junior (PSD). Contudo, divergências internas acabaram levando Requião a se desligar do PT e a se filiar a um partido menor, o Mobiliza, pelo qual lançou sua candidatura à prefeitura de Curitiba. O resultado dessa eleição não foi favorável, com Requião terminando na sétima posição, somando pouco mais de 17 mil votos.
Requião Filho, por sua vez, permaneceu no PT por mais um ano após a eleição de 2022 para a Assembleia Legislativa do Paraná. Em abril deste ano, ele obteve autorização da Justiça Eleitoral para se desvincular da sigla sem perder seu mandato. Sua saída foi acompanhada de críticas à maneira como o partido estava sendo conduzido no estado.
“A forma como a política tem sido feita, através da cooptação e sufocamento de partidos, sem respaldo ideológico ou ético, me afasta”, declarou na ocasião. A adesão ao PDT foi justificada pela dupla como uma busca por uma proposta política que beneficie o Paraná, destacando que suas preocupações anteriores no PT estavam mais voltadas para a reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a eleição de deputados federais.
Roberto Requião também criticou o PT por não apresentar propostas concretas, afirmando que os governos de Dilma Rousseff e Lula falharam em oferecer diretrizes nacionais consistentes. Em entrevista à Gazeta do Povo, ele confirmou que sua nova filiação ao PDT surgiu da possibilidade de colaborar com um projeto nacional significativo.
A recente mudança pode abrir portas para uma nova tentativa de Requião em voltar ao Senado Federal. Embora ainda não tenha confirmado sua candidatura, é amplamente especulado que ele esteja considerando essa possibilidade. Nas últimas três eleições em que participou — para senador em 2018, governador em 2022 e prefeito em 2024 — ele não obteve sucesso nas urnas.
Requião Filho já declarou que pretende se candidatar ao governo do Paraná em 2026 e enfatizou que não contará com o apoio do PT em sua chapa. O partido já tem um candidato definido para o pleito: Enio Verri, atual presidente da Itaipu Binacional.
De acordo com pesquisas recentes realizadas pelo Instituto Paraná Pesquisas e pelo Instituto Neokemp, Requião Filho aparece como um concorrente forte nas eleições estaduais. Ele varia entre 10,1% e 14,1% nas intenções de voto, enquanto Verri não ultrapassa os 5%. Além disso, numa simulação de segundo turno contra Sergio Moro (União Brasil), Requião Filho obteve 20,1%, enquanto Moro lidera com 54,4%.
Com a saída do PDT da federação junto ao PCdoB e PV e sem apoio do PT, este último terá que buscar novas alianças para fortalecer sua campanha local. No pleito anterior para a prefeitura de Curitiba, o PT colaborou com o PDT e o PSB. Agora, ambos os partidos competirão por outros aliados no espectro progressista.
Requião Filho já manifestou seu interesse em buscar novos parceiros para fortalecer o PDT nas eleições de 2026: “Vamos procurar fortalecer o partido, atrair novos filiados e fomentar discussões com partidos progressistas”, afirmou. Ele também ressaltou a necessidade de estabelecer alianças baseadas em programas políticos sólidos.
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