(Entre)linhas e grades. Com esse nome bem sugestivo, o projeto de extensão Núcleo de Atendimento às Pessoas com Monitoração Eletrônica (Nupem) da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) realizou no último dia 18 o lançamento de um livro cujo tema é a cartografia como instrumento de efetivação de cidadania na trajetória de vida de pessoas privadas de liberdade no município. Construído coletivamente, a obra contou com a participação da Polícia Penal do Paraná por meio da Penitenciária Estadual e da Casa de Custódia de Ponta Grossa.
O reitor da UEPG, professor Miguel Sanches Neto, participou do lançamento do livro. Segundo ele, publicações de textos, desenhos e poesias como as contidas na obra, principalmente de cartas, demonstram a importância de se dar visibilidade para pessoas privadas de liberdade. “É um projeto de grande relevância humana para que reconheçamos os direitos de todas essas pessoas e que possamos construir uma sociedade que seja de fato inclusiva. Queria parabenizar o professor Rauli Gross, professora Silmara e todos os integrantes do livro por essa contribuição para discussão de um tema tão relevante”, afirma.
“O lançamento desse livro, através de um projeto de extensão, dá a oportunidade para que nossos acadêmicos participem desse processo em conjunto com a comunidade externa, além da própria interação multidisciplinar entre alunos de direito, serviço social e psicologia”, afirma o coordenador do Nupem e chefe de gabinete da Reitoria, professor Rauli Gross Júnior. Segundo ele, trata-se de uma grande construção, tanto dos alunos com a certeza de aprendizado para a vida acadêmica e profissional, quanto para as pessoas privadas de liberdade que podem se expressar e contar a história de vida deles para que issopossa ajudar no processo de ressocialização.
Supervisora do projeto, a professora Silmara Carneiro e Silva conta que a abordagem foi em uma perspectiva mais humana e horizontal, na qual elas não fossem apenas alvo de nossas ações, mas coparticipantes, protagonistas no desenvolvimento das atividades propostas. “O livro é um convite para a superação dos preconceitos e estigmas que cercam a população privada de liberdade. Conhecer as trajetórias de vida dessa população nos provoca uma série de reflexões que nos conduzem à postura de solidariedade e empatia, pois são dilemas da vida cotidiana atravessados por situações de vulnerabilidade, por experiências com a criminalidade e, sobretudo, pelas situações que enfrentam ao se encontrarem privados de liberdade”, completa. Para a professora Silmara, sempre é uma honra poder atuar em projetos como esse, pois quem sai ganhando em humanidade é a sociedade de modo geral, pois toda vez há oportunidade de conhecer criticamente uma realidade, nossas consciências alcançam para um patamar mais elevado.
Confira as últimas notícias policiais de Ponta Grossa
Parcerias
Parte relevante para a execução do trabalho, do Departamento da Polícia Penal do Paraná foi a parceira durante todo o processo. O diretor-adjunto da Deppen, Maurício Ferracini dos Santos, esteve presente no lançamento. Ele afirma que a Universidade Estadual de Ponta Grossa tem sido referência há mais de uma década para o sistema prisional, com trabalhos desenvolvidos junto ao público encarcerado com efeitos e resultados importantes. “Projetos de direitos humanos como este são efetivos que de fato permitem que a pessoa realize uma reflexão sobre sua vida, sobre aquilo que aconteceu com ela e sobre o seu retorno para a sociedade. Caminham pelo entendimento intelectual, de sensos de responsabilidade do preso, e também promove uma reflexão emocional”, destaca.
Ele disse ainda que a UEPG consegue entender o sistema prisional e apresenta propostas efetivas, já que quando a academia se aproxima do Deppen, os resultados são sempre positivos. “Uma instituição de ensino superior, quando se aproxima de um ponto tão sensível como a questão do sistema prisional, provoca transformações importantes. Então, nós agradecemos essa parceria que tem gerado muitos frutos”, completa.
“Foi o encerramento de todo esse ciclo, todo esse trabalho realizado em parceria com diversas instituições. Nós temos como rotina o recebimento e encaminhamento de cartas. Agora uma carta dentro de um livro é algo que realmente marca a vida das pessoas privadas de liberdade e contempla tudo o que a gente pensa sobre oferecer às pessoas possibilidades para que elas retornem para a sociedade melhores do que elas ingressaram no sistema”, finaliza o coordenador regional da Polícia Penal em Ponta Grossa, William Daniel de Lima Ribas, destacando essa ação de humanização como outras que são ofertadas como pilares de tratamento penal para transformar a vida dessas pessoas.
Participaram também do lançamento do livro os presidentes dos Conselhos da Comunidade e de Segurança de Ponta Grossa, Emerson Ernani Woyceichoski e Elídio Carlos Cur Macedo, respectivamente; da professora de psicologia da Unicesumar, Cíntia Pigatto, e dos alunos e profissionais que participaram das produções e análises das cartas escritas.
Confira fotos:








Add Comment