Mãe de uma aluna de 3 anos de um Cmei de Castro, localizado na Vila Rio Branco, procurou a reportagem do Portal Boca no Trombone, de que uma professora supostamente agredia sua filha e outras crianças na sala de aula. Segundo relato para a Polícia Civil, o boletim de ocorrência foi registrado em março deste ano. A Prefeitura se manifestou e a nota está no final desta matéria.
O BnT teve acesso ao documento do boletim. A descrição é que a mãe tomou conhecimento após relato de sua filha, quando a professora “desfere puxões de cabelo, beliscões, castigos, além de agredir outros alunos”.
Para a reportagem, a mãe que preferiu não expor seu nome, disse que “em março um dia antes do aniversário de Castro, na terça-feira de noite eu estava brincando com a minha filha e ela começou a relatar algumas coisas que eu achei bem problemáticas, falando que a professora apertava o braço dela, dando chacoalhão e colocava ela sentada no tatame ou na cadeira. A professora dava tapa no rosto da minha filha, ela batia nos amiguinhos também, onde puxava o cabelo e batia na menininha autista. E daí, escutando, antes dela começar a falar sobre nome de crianças, eu peguei o meu celular e comecei a gravar. Porque, como assim uma criança vai falar isso, sendo que ela não vive isso dentro de casa e nem em nenhum lugar. Como que ela ia inventar esse tipo de coisa? Com isso, eu mandei mensagem para as outras mães que eu achava que eu tinha mais liberdade. A gente descobriu que as outras crianças falaram também. A minha filha ela não estava dormindo direito. Ela já apresentava pequenos sinais que a gente achava que estava acontecendo outro tipo de coisa, que eu achei que ela estava, doente, que ela estava com a bicha atacada, que ela estava com alguma coisa nesse sentido. E as outras crianças estavam apresentando o mesmo tipo de comportamento. Por exemplo, a minha filha, ela chegou a acordar de madrugada chorando pedindo para gente não bater nela coisa que a gente não faz. Ela acordou, não me bate, não me bate, não me bate. E a gente associa que seja sobre a professora, porque daí conversando com as outras mães, uma das crianças aconteceu a mesma coisa na mesma semana, que aconteceu com a minha filha. A gente foi juntando essas provas de terça para quarta, e na quinta-feira cedo a gente foi no CMEI pra fazer ata, cobrar uma resposta do CMEI. A professora já falou que ia processar a gente, já saiu se defendendo, sendo que a gente não tinha até então acusado ela realmente, que a gente nem tinha, ela nem sabia do que se tratava, mas ela já saiu falando que ia processar a gente”.
Filha saiu da escola e afastamento de professora
A mãe continua que a filha saiu da escola e a professora chegou a ser afastada. “Na mesma quinta-feira que a gente foi lá e fez um fervo na escola e abriu ata e tudo, registrou o problema e já tirei minha filha da escola, já mudei ela pra outra, foi bem difícil porque ela adorava a outra professora da sala, porque já acompanhava ela fazia dois anos e meio. Fomos na Secretaria de Educação passar isso para a secretária e ver se ela podia tomar uma outra atitude. A gente foi no conselho, na assistência social em todos a gente tava contando literalmente a mesma história, porque a gente tá contando a nossa verdade. Todas as mães se apoiaram, que conseguiram gravar vídeo das crianças relatando as agressões, a gente fez tudo isso, abriu o boletim de ocorrência. Depois de seis meses sendo investigada, ela ficou afastada e recebendo normalmente uns dias antes de sair o respaldo final. Ficamos sempre acompanhando o diário oficial, apareceu a penalidade dela, não comunicaram a gente, não falaram nada. Mas, ela pegou 10 dias de afastamento de novo. Teve que pagar uma multa parece que de R$ 1 mil reais. E eu não sei se ela pagou, porque lá no diário oficial e no portal da transparência não aparece nada mais relacionado a isso”.
Segundo a mãe, a professora não continua no mesmo Cmei. “Ela foi transferida para outro Cmei, mas as pessoas descobriram e queriam pegar ela, com isso ela pediu uma licença especial remunerada e não está trabalhando de novo”, conta a mãe.
Cobrança
As mães tem cobrado bastante e esperam o respaldo do delegado. “A gente teve uma última devolutiva do Ministério Público no dia 19 de setembro. Então ela pediu 30 dias, então até 18, 19 de outubro, o delegado tem que dar o respaldo final pra dar continuidade no processo e a gente está nessa. Não recebemos nenhum apoio, nenhum apoio da prefeitura, bem pelo contrário, eles tinham pedido para mim achar provas para ver se eu achava alguém que tivesse trabalhado lá, que tivesse visto as agressões. Achei e levei para eles. Conversando com a procuradora geral daqui da cidade, foi a mesma coisa que nada, porque assim, simplesmente era tipo, não, você tem que postar lá. Já que você postou o vídeo, você tem que postar lá que as pessoas vê e denunciem. Só que o que acontece, quando as pessoas denunciam, eles não fazem nada do mesmo jeito. Essa é a verdade, vai ser mais um número pra estatística. Eles literalmente não estão nem aí. Depois que eu postei isso, muita gente veio me relatar outras coisas, tanto do mesmo CMEI, quanto dos outros CMEI, quanto de outros processos administrativos que estão abertos e eles não fazem nada”.
Câmeras de segurança
A mãe que entrou em contato com a reportagem, explicou que várias reuniões foram realizadas na prefeitura sobre o caso de agressão. “Em uma delas eles falaram sobre a importância das câmeras, que eles iriam agilizar as câmeras, porque uma das coisas que a gente pediu é mudar no sentido de não deixar ela impune. Porque imagine se a gente, que só postou um vídeo e já deu toda essa repercussão, já sabe de milhões de casos que a gente nem imaginava. Imagine eles ali dentro da prefeitura, o quanto que eles não sabem, é uma segurança tanto para a criança quanto para o aluno, em questão da câmera, mas a gente queria mostrar que eles não vão deixar impune”.
Professora debocha de mãe
Por fim, a mulher relatou que “dias atrás a professora encontrou uma outra mãe. Ela ficou debochando da mãe, apontando o dedo e dando risada. Temos que ficar nessa de ter sangue de barata, porque além de ter agredido as nossas crianças, supostamente, ainda a gente tem que ficar aguentando o deboche de uma pessoa dessa”.
Posicionamento
A reportagem procurou a prefeitura para um posicionamento. Em nota disse que “a professora respondeu a um Procedimento Administrativo Disciplinar (PAD) que, na esfera administrativa, foi concluído. No entanto, o caso está sendo investigado judicialmente onde se pode apurar mais a fundo as denúncias. Esse respaldo deve ser na Justiça”. A Prefeitura também informou que depois da conclusão do PAD, a servidora foi realocada para outra unidade escolar.
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