A Polícia Federal (PF) estima que as fraudes apuradas na Operação Compliance Zero possam ter movimentado cerca de R$ 12 bilhões em crimes contra o sistema financeiro nacional. A informação foi confirmada pelo diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, durante depoimento na CPI do Senado sobre o crime organizado, nesta terça-feira (18).
A operação, deflagrada nesta manhã, é resultado de investigações iniciadas em 2024, em parceria com o Banco Central e o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), com foco na emissão de títulos de crédito falsos e simulações de empréstimos por instituições financeiras.
Entre os alvos está o dono do Banco Master, Daniel Vorcaro, detido no Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo. Também são investigados o presidente do Banco Regional de Brasília (BRB), Paulo Henrique Costa, e o diretor de Finanças e Controladoria do banco, Dario Oswaldo Garcia Júnior, ambos já afastados dos cargos.
“Estamos fazendo uma operação importante, de forma conjunta com o Banco Central e o Coaf, para investigar crimes que somam cerca de R$ 12 bilhões”, afirmou Rodrigues à comissão.
R$ 1,6 milhão apreendidos em dinheiro vivo
Durante as primeiras ações da operação, a PF apreendeu R$ 1,6 milhão em espécie na residência de um dos investigados. Segundo Andrei Rodrigues, a operação já resultou em várias prisões e o caso segue em desdobramento.
A Operação Compliance Zero apura fraudes envolvendo a criação de operações fictícias de crédito, posteriormente negociadas com outros bancos. Após aprovação contábil pelo Banco Central, os créditos eram trocados por outros ativos, sem a devida avaliação técnica, levantando suspeitas de conluio e manipulação.
O Banco Master é o principal foco da apuração, em inquérito instaurado a pedido do Ministério Público Federal (MPF).
Confira as últimas notícias policiais de Ponta Grossa
Banco Central liquida Master Corretora
Em meio ao avanço das investigações, o Banco Central anunciou a liquidação extrajudicial da Master Corretora de Câmbio, Títulos e Valores Mobiliários, braço da instituição financeira. A EFB Regimes Especiais de Empresas foi nomeada como liquidante, com Eduardo Felix Bianchini como responsável técnico.
Estratégias agressivas de captação chamaram atenção
O Master ganhou notoriedade nos últimos anos por prometer rendimentos de até 140% do CDI na venda de seus papéis, superando a média de mercado praticada por bancos de menor porte, geralmente entre 110% e 120%. A atuação com precatórios e a tentativa frustrada de emitir títulos em dólares também levantaram suspeitas sobre sua real capacidade financeira.
Na véspera da operação (17), o grupo Fictor, especializado em investimentos e gestão empresarial, anunciou a compra do Banco Master, mas o negócio agora está sob incerteza diante do novo cenário.
BRB nega irregularidades
Em nota, o Banco Regional de Brasília (BRB) afirmou que “sempre atuou em conformidade com as normas de compliance e transparência” e que presta informações regulares ao MPF e ao Banco Central. Até o momento, os investigados não se manifestaram publicamente.




Add Comment