Com a confirmação do primeiro caso de Influenza Aviária de Alta Patogenicidade (IAAP) em uma granja comercial no Rio Grande do Sul, o Governo do Paraná intensificou as ações de prevenção e reforçou os protocolos de vigilância e biosseguridade. Até o momento, não há registro de casos suspeitos ou confirmados em território paranaense.
A Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar) foi notificada nesta sexta-feira (16) pelo Ministério da Agricultura e Pecuária sobre o caso no estado vizinho. Em resposta, o Paraná reiterou as medidas rígidas já em curso e a importância da colaboração entre poder público e setor produtivo para manter o status sanitário do estado, que é o maior produtor e exportador de frangos do país.
Avanços na biosseguridade
O Estado possui um sistema de vigilância abrangente, que inclui aves silvestres, granjas comerciais e propriedades de subsistência. Também investe continuamente na capacitação dos servidores da Adapar. Atualmente, o Paraná mantém um decreto de emergência zoossanitária, o que permite respostas mais rápidas e eficazes frente a qualquer risco sanitário.
“O Paraná tem um sistema robusto, forte, e que nos dá a certeza de que não teremos casos aqui”, afirmou o secretário estadual de Agricultura e Abastecimento, Marcio Nunes, durante participação na ExpoIngá. “Temos diálogo direto com os produtores e ações coordenadas para garantir que as granjas estejam seguras e que o setor continue operando normalmente.”
Impacto no comércio internacional
A ocorrência de casos de IAAP impacta diretamente o comércio exterior. Países como China e União Europeia suspenderam temporariamente a compra de carne de frango brasileira por 60 dias, conforme protocolos mais antigos. No entanto, mercados com regras sanitárias mais modernas, como Japão e Arábia Saudita, preveem interrupções apenas em regiões diretamente afetadas.
Mesmo diante desse cenário, o Paraná se destaca pela organização de sua rede de defesa agropecuária. São 131 escritórios locais da Adapar, 33 postos de fiscalização nas divisas e parcerias ativas com prefeituras e sindicatos rurais em todos os 399 municípios.
Monitoramento contínuo
Rafael Gonçalves Dias, chefe do Departamento de Saúde Animal da Adapar, destacou a importância de seguir à risca os protocolos de biosseguridade: suspensão de visitas não essenciais às granjas, controle rigoroso de acesso, uso de barreiras sanitárias e desinfecção de veículos e equipamentos.
“O monitoramento de aves migratórias, especialmente no Litoral, é feito em parceria com o Centro de Estudos Marinhos da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Isso é essencial para detectar precocemente a presença do vírus e evitar que ele chegue às granjas comerciais”, explicou.
Segundo ele, desde 2023 a doença foi identificada em aves silvestres no Brasil, e o caso no Rio Grande do Sul é o primeiro em uma granja comercial. No entanto, o setor avícola paranaense já se preparava há anos para esse cenário, com investimentos que o colocam entre os mais bem estruturados do mundo em biossegurança.
Consumo seguro
A Adapar também divulgou nota técnica reiterando que a Influenza Aviária não é transmitida pelo consumo de carne de aves ou ovos. Produtos oriundos de estabelecimentos inspecionados são seguros para o consumo humano.
Em 2024, o Paraná abateu mais de 2 bilhões de aves, o que representa 34% da produção nacional, com exportações que superaram US$ 4 bilhões em 2023. A manutenção da sanidade avícola é essencial não apenas para o abastecimento interno, mas também para a segurança alimentar e o equilíbrio econômico de milhares de famílias que vivem da avicultura.
Medidas federais
O Ministério da Agricultura informou que as ações previstas no plano nacional de contingência já foram iniciadas para conter e erradicar o foco no Rio Grande do Sul. O objetivo é garantir a continuidade da produção, preservar o abastecimento e evitar impactos prolongados na cadeia produtiva.
Enquanto isso, o Paraná permanece em estado de alerta, com uma estrutura preparada e vigilância permanente. “É hora de reforçar os procedimentos e usar toda a estrutura que já temos para manter o Paraná livre da doença”, concluiu Rafael Dias.



