Em um recente mutirão de cirurgias de catarata realizado em Taquaritinga, São Paulo, 12 dos 23 pacientes atendidos enfrentam complicações sérias, incluindo a perda de visão. Este evento ocorreu no dia 21 de outubro do ano passado e agora suscita preocupações sobre os protocolos de segurança utilizados durante os procedimentos.
A Organização Social de Saúde (OSS) Grupo Santa Casa de Franca, responsável pela gestão do Ambulatório Médico de Especialidades (AME) local, reconheceu que as complicações surgiram devido a falhas nos processos preparatórios para as cirurgias. Como consequência, todos os profissionais envolvidos foram afastados de suas funções.
A Vigilância Sanitária do Governo de São Paulo também realizou uma inspeção no AME e identificou problemas nas áreas de esterilização e manejo de materiais, resultando na interdição do setor específico onde os procedimentos ocorreram.
A Prefeitura de Taquaritinga esclareceu que o AME é um serviço estadual operado por uma organização contratada, atendendo a dez municípios da região. Embora a administração municipal não tenha controle direto sobre a gestão do AME, reafirmou sua disposição em auxiliar os pacientes afetados sempre que necessário.
Até o fechamento desta matéria, a Secretaria de Estado da Saúde não havia respondido sobre as investigações em curso e as medidas adotadas em resposta ao incidente.
A OSS informou que os pacientes que apresentaram complicações estão sendo encaminhados para centros especializados em Araraquara e Ribeirão Preto para acompanhamento médico. A entidade garante o fornecimento dos medicamentos necessários e a inclusão desses pacientes na lista de espera para transplante de córnea. Além disso, está programada uma nova avaliação médica para esses indivíduos.
O Grupo Santa Casa de Franca anunciou a implementação de novas medidas para fortalecer seus protocolos de segurança e prevenir futuros incidentes semelhantes.
Este não é um caso isolado; problemas graves relacionados a cirurgias oculares têm sido reportados em diversas partes do Brasil, como perda do globo ocular e infecções severas resultantes de inadequações na esterilização. Nos últimos 15 anos, aproximadamente 276 pessoas sofreram perda parcial ou total da visão após participar de mutirões para cirurgias de catarata. Esses eventos, frequentemente organizados pelo governo, têm gerado preocupações entre especialistas sobre o aumento do risco de complicações como endoftalmite, uma inflamação ocular grave.
O Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) defende que o Sistema Único de Saúde (SUS) tem capacidade suficiente para atender à demanda por cirurgias de catarata ao longo do ano, sem necessidade de mutirões. Em 2023, o SUS realizou mais de um milhão dessas operações e atualmente enfrenta uma fila de espera com 167 mil pacientes.
Cuidados Pós-Cirúrgicos
Após a cirurgia de catarata, é fundamental seguir rigorosamente as recomendações médicas para evitar infecções e outras complicações. Os pacientes devem evitar tocar nos olhos, lavar as mãos com frequência e aplicar colírios conforme prescrição médica. É aconselhável proteger os olhos contra luz intensa, poeira e impactos usando óculos escuros e evitando esforços físicos excessivos.
Qualquer sintoma anômalo como dor, vermelhidão, secreção ou visão turva deve ser comunicado imediatamente à equipe médica. O acompanhamento pós-operatório é essencial para garantir uma recuperação eficaz e detectar precocemente possíveis complicações.
Leia também:
Polícia prende suspeito de induzir filho a praticar atos sexuais com a irmã em Irati
