Ortigueira, nos Campos Gerais, reforça sua posição de destaque na produção artesanal de alimentos com a conquista de 14 novos Selos Arte pela agroindústria Mel Doce Mel. A certificação, concedida pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), permite a comercialização nacional de produtos artesanais de origem animal e comprova o cumprimento de boas práticas de fabricação aliadas à tradição regional.
Com a nova conquista, o município soma 33 produtos certificados, sendo 32 deles oriundos da atividade apícola, o que consolida Ortigueira como líder no Paraná em número de Selos Arte, com cerca de 50% do total emitido no Estado.
A formalização da certificação foi celebrada na última sexta-feira (11) durante cerimônia com presença de autoridades locais, representantes do setor produtivo e instituições como o Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR), Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar), Secretaria de Agricultura e Abastecimento (Seab), Prefeitura de Ortigueira e a Associação dos Municípios dos Campos Gerais (AMCG).
Valorização do produtor local
Para o secretário municipal de Agricultura e Abastecimento de Ortigueira, Alexandre José Moraes, a ampliação das certificações é reflexo do trabalho conjunto entre produtores, poder público e entidades de apoio ao desenvolvimento rural. “A obtenção do Selo Arte é importante porque garante que o produto é genuinamente artesanal, destacando sua qualidade e os métodos tradicionais de fabricação. Além disso, amplia o alcance da comercialização, permitindo acesso a grandes redes, feiras e consumidores de todo o País”, explicou Moraes.
A consultora do Sebrae/PR, Mariana Santana Scheibel, destaca que o selo não apenas garante a expansão de mercado, mas valoriza o trabalho das famílias rurais envolvidas na produção: “Com o Selo Arte, os produtores podem vender além das fronteiras do município e do estado, agregando valor e promovendo geração de renda no campo”, afirma.
Apoio técnico e potencial turístico
O chefe do Núcleo Regional da Seab em Ponta Grossa, Marcelo Ferreira Hupalo, lembrou que os Campos Gerais reúnem cerca de 16 mil agricultores familiares, com forte vocação para o turismo rural — um fator que fortalece a comercialização de produtos artesanais certificados. “Nosso objetivo é ampliar o número de agroindústrias certificadas, com apoio de parcerias estratégicas como Sebrae, prefeituras e sindicatos, impulsionando renda e oportunidades no campo”, destacou Hupalo.
História que inspira
A trajetória da Mel Doce Mel é marcada pelo trabalho familiar. A relação com a apicultura começou em 1992, mas as raízes vêm dos anos 1960, com a chegada da família Kieltyka à região. O empresário Valdemar Kieltyka lembra das dificuldades iniciais, quando ele e o pai trabalhavam à noite nos apiários, sem equipamentos adequados. “A apicultura nasceu da necessidade, mas floresceu com a união da família. Cada pote de mel carrega a história de quem acreditou, mesmo com tão pouco”, conta Valdemar.
Pioneirismo local
Ortigueira também foi pioneira na obtenção do Selo Arte na região. A empresa Mel Kutz, do empreendedor Henrique Kutz, foi a primeira a conquistar a certificação, com 18 produtos artesanais aprovados.
Já em junho deste ano, o Empório Lê Kitutes Queijos Artesanais, da produtora Eleni Aleixo Bernini, obteve o Selo Arte para seu tradicional requeijão em barra — receita familiar originária da Serra da Canastra (MG). Agora, o produto também pode ser comercializado em todo o território nacional.
Add Comment