Neste 27 de novembro, Dia do Engenheiro de Segurança do Trabalho, o Portal Boca no Trombone realizou uma entrevista especial com dois nomes de destaque na área da segurança do trabalho e ergonomia: o professor Ariel Orlei Michaloski, da UTFPR – campus Ponta Grossa, criador da norma internacional ISO 7015, e o engenheiro José Leal, presidente da Associação dos Engenheiros de Segurança do Trabalho de Ponta Grossa e colunista do portal.
Além de celebrar a data, os entrevistados abordaram uma conquista de grande relevância científica e social: a criação de uma norma internacional nascida em Ponta Grossa, já adotada por 22 países, voltada à ergonomia na construção civil. O feito coloca a cidade no mapa global da inovação em segurança do trabalho.
O valor do profissional que previne acidentes
Para o engenheiro José Leal, a data é um importante reconhecimento ao trabalho dos profissionais da área:
“É uma data muito importante porque valoriza quem está no dia a dia do campo, fazendo a prevenção de acidentes. Isso reduz perdas, preserva vidas e fortalece o desenvolvimento do país.”
O professor Ariel complementa destacando a diversidade da área:
“É uma carreira heterogênea, que envolve engenheiros civis, mecânicos, florestais, todos voltados a uma especialização que tem inovação, desafios e aplicação prática no cotidiano das obras.”
Desafios da segurança na construção civil
Ao falar sobre os principais desafios enfrentados em Ponta Grossa, os profissionais apontam a necessidade de adaptar o ambiente de trabalho ao ser humano, principalmente no setor da construção civil:
“É uma área com muito esforço físico e repetição. Precisamos aplicar engenharia para transformar o posto de trabalho, focando na ergonomia e saúde do trabalhador”, explica Ariel.
Associação fortalece prevenção e forma profissionais
José Leal reforçou o papel da Associação dos Engenheiros de Segurança do Trabalho de Ponta Grossa, criada para fortalecer a categoria e promover a prevenção:
“Oferecemos cursos, indicamos profissionais para o mercado e fazemos convênios como o recente com a CIPG, que vai abrir uma Câmara de Segurança do Trabalho para apoiar empresas locais.”
Ele também anunciou, junto com o professor Ariel, a previsão de um curso de especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho, em parceria com a UTFPR, o Crea-PG e a associação, com edital previsto para dezembro e início das aulas em 2026.
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ISO 7015: norma pioneira com DNA ponta-grossense
A grande inovação apresentada na entrevista foi a ISO 7015, desenvolvida por Ariel com apoio de pesquisadores internacionais e construída a partir de dados reais coletados em obras em Ponta Grossa.
“Comecei a pesquisa em 2020, mapeando mais de 4.600 atividades na construção civil. Desenvolvemos um software que analisa cada função e identifica os riscos ergonômicos com base em normas internacionais”, detalhou o professor.
A norma orienta a avaliação e gestão de distúrbios musculoesqueléticos na construção civil, utilizando tecnologia para mapear movimentos repetitivos e propor ajustes nos postos de trabalho.
A ISO foi aprovada após avaliação por países como Canadá, Estados Unidos, Itália, Finlândia e Noruega e atualmente é utilizada em 22 países.
Aplicação prática da ISO nos canteiros de obra
Segundo Ariel, a norma pode ser aplicada a qualquer tipo de obra e oferece uma análise precisa dos riscos ergonômicos. Ele explica com um exemplo:
“Filmamos a atividade de um pedreiro levantando parede. O software analisa os movimentos e, com base em normas como a ISO 12228, identifica quais partes do corpo estão em risco. A partir disso, sugerimos mudanças no processo de trabalho.”
A análise permite reduzir afastamentos, melhorar a saúde dos trabalhadores e diminuir os custos da obra:
“É saúde convertida em economia para a empresa, com retorno direto na produtividade”, afirmou.
Orgulho local com impacto global
O professor Ariel Michaloski destaca que a maior satisfação é entregar um trabalho com impacto real na sociedade:
“É gratificante cumprir o papel de pesquisador e engenheiro entregando uma ferramenta que melhora a gestão da saúde no trabalho em canteiros de obra.”
José Leal complementa:
“É um orgulho para nós. Essa norma é uma ferramenta de gestão essencial e vai ajudar a reduzir doenças ocupacionais, afastamentos e prejuízos para os investidores da construção civil.”




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