O Ministério Público do Paraná determinou o arquivamento do processo que investigava o atropelamento e descarte da cadela Ágatha, ocorrido durante a coleta de lixo no bairro Jardim Carvalho, em Ponta Grossa. O caso aconteceu na sexta-feira (09/05) e gerou ampla repercussão nas redes sociais e na mídia local.
Segundo a decisão do promotor responsável, não houve elementos suficientes para caracterizar o crime de maus-tratos, motivo pelo qual foi rejeitado o pedido de indiciamento feito pelo delegado responsável pelo inquérito. Os dois garis envolvidos, que haviam sido investigados, não serão responsabilizados criminalmente.
Promotor não teve certeza sobre estado da cadela
A advogada da família Isabella Godoy Danesi comentou a decisão ao Portal BnT. Segundo ela, o arquivamento foi solicitado pelo próprio Ministério Público, que considerou inexistente a certeza de que a cadela ainda estava viva no momento em que foi descartada no compactador do caminhão de lixo.
“Foi o promotor de Justiça que manifestou-se pelo arquivamento do indiciamento. O processo corre em segredo de justiça, mas consta como sigilo mínimo. A família está muito triste com a decisão”, disse a advogada.
A defesa da família contesta o entendimento do MP. “Só um médico veterinário poderia confirmar se a cadela estava viva ou morta naquele momento. E o procedimento correto da empresa era acionar o fiscal ou um veterinário para avaliação”, explicou.
Ela também adiantou que, apesar do arquivamento criminal, o caso continuará em outra esfera:
“Agora segue o caso cível. Vamos pleitear indenização por danos morais e acreditamos na Justiça nesse âmbito.”
Relembre o caso
O caso ocorreu na manhã de sexta-feira (09/05), no bairro Jardim Carvalho. Câmeras de segurança flagraram o momento em que a cadela Ágatha foi atropelada por um caminhão da coleta de lixo da empresa Ponta Grossa Ambiental (PGA). Nas imagens, é possível ver que o animal é recolhido por um dos coletores e jogado no compartimento triturador, sem verificação prévia de sinais de vida.
A tutora de Ágatha, Ana Júlia Rodrigues, é estudante de medicina veterinária e estava na faculdade no momento do acidente. Segundo ela, o portão da casa ficou aberto por um descuido e três cães escaparam. Dois voltaram, mas Ágatha foi atropelada.
Após notarem o sumiço e encontrarem sangue na rua, a família verificou as câmeras de segurança e constatou o que havia ocorrido.
“Não pudemos ter acesso ao corpo. A própria PGA informou que, após o triturador, não sobra nada”, afirmou Ana Júlia à época.
Ela contesta a versão dada pelo coletor, de que o animal já estaria morto:
“Recebemos muitos animais eviscerados no curso, e eles nem sempre morrem na hora. Ele subestimou a vida dela e impediu qualquer chance de sobrevivência.”
Pronunciamento da empresa
Em nota oficial divulgada após o ocorrido, a Ponta Grossa Ambiental lamentou o episódio, informou que o caso estava sendo apurado internamente e reconheceu que o procedimento correto em casos de atropelamento é interromper a coleta e acionar o fiscal da operação ou um veterinário.
A empresa ainda reforçou que a guarda dos animais é de responsabilidade dos tutores e pediu à população que mantenha os pets em segurança durante os horários de coleta.
Caminhos judiciais
Com o arquivamento da parte criminal, a família agora se volta à Justiça Cível. A ação busca reparação por danos morais pela forma como a cadela foi tratada após o atropelamento e pela falta de protocolos adequados.
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