Morreu, nesta terça-feira (13), aos 89 anos, Pepe Mujica, ex-presidente do Uruguai. Ele recebia cuidados paliativos por causa de um câncer terminal.
José Alberto Mujica Cordano nasceu em 20 de maio de 1935, em Montevidéu, capital uruguaia. Órfão de pai e sob influência da família materna, Mujica defendeu muitas causas desde que se engajou na política.
Com a crise social no Uruguai e o crescente envolvimento de militares no poder, nos anos 1960, restaram a guerrilha e a clandestinidade, no grupo de esquerda Tupamaros.
Quando a pressão dos militares instaurou a ditadura em 1973, Mujica já havia sido preso, protagonizado uma fuga histórica com mais de cem companheiros e preso novamente. Ao todo, passou 15 anos na prisão, entre a tortura e a solitária.
Leia mais: Estudante da UEPG é indiciado por constranger e assediar colegas
Assim como no Brasil, a ditadura militar uruguaia acabou em 1985, libertando Mujica e outros presos políticos. Até hoje, cerca de 200 pessoas continuam desaparecidas no país vizinho.
Mujica se tornou deputado e senador. Depois oficializou o casamento com a companheira de décadas, a ex-militante e senadora Lucía Topolansky. Após ser ministro da Agricultura, Pepe Mujica foi, enfim, eleito presidente do Uruguai, em 2009.
Apesar de rotulado como “o presidente mais pobre do mundo”, por manter uma vida simples, um fusca azul e doar a maior parte do salário, Mujica assumiu o Uruguai com um Produto Interno Bruto (PIB) anual de US$ 32 bilhões. Cinco anos depois, o PIB quase dobrou, passando para mais de US$ 61 bilhões de dólares.
A presidência de Mujica também foi marcada pela descriminalização do aborto, pela legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo e pela derrubada da Lei da Anistia.
Agricultor, ateu, guerrilheiro. As imagens e as palavras do ex-presidente uruguaio hoje correm o mundo, como exemplo da sabedoria e da resistência latino-americana.
Em uma das suas últimas entrevistas, em janeiro deste ano, Mujica contou, com a mesma sobriedade com que encarou a vida, que seu câncer no esôfago havia se espalhado e era hora de descansar: “Quero me despedir, dos meus companheiros e dos meus compatriotas, terminou meu ciclo. O guerreiro tem direito a seu descanso”.
*Com informações da Agência Brasil
