Durante a sessão de reabertura dos trabalhos do Supremo Tribunal Federal (STF), nesta sexta-feira (1º), o ministro Alexandre de Moraes fez duras críticas à atuação do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) nos Estados Unidos. Segundo Moraes, a articulação do parlamentar junto ao governo norte-americano, em especial ao presidente Donald Trump, segue o mesmo “modus operandi golpista” da tentativa de golpe registrada no Brasil em 8 de janeiro de 2023.
Sem citar nomes diretamente, Moraes afirmou que a movimentação internacional contra autoridades brasileiras visa criar instabilidade econômica e social, com potencial para gerar uma nova crise institucional. “O modus operandi é o mesmo. Incentivo à taxação ao Brasil, incentivo à crise econômica, que gera crise social, que gera crise política. Para que novamente haja instabilidade social e a possibilidade de um novo ataque golpista”, declarou.
A manifestação ocorreu após os Estados Unidos anunciarem sanções financeiras contra Moraes e aplicarem tarifas de 50% a produtos brasileiros. No início de julho, Eduardo Bolsonaro agradeceu publicamente a Trump pelas medidas. Em uma carta enviada ao governo brasileiro, Trump associou as sanções à investigação sobre tentativa de golpe envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro.
Moraes também classificou como “atos de traição” as articulações feitas por brasileiros para prejudicar o país no cenário internacional. “Esses réus, investigados, não estão só ameaçando e coagindo autoridades públicas, mas também ameaçando as famílias dos ministros do STF e do procurador-geral da República. Uma atitude costumeiramente afeita a milicianos do submundo do crime”, afirmou.
Segundo o ministro, essas ações configuram crimes como coação no curso do processo, obstrução de investigação criminal, atentado à soberania nacional e favorecimento pessoal. Ele criticou o que considera uma tentativa de “tirânico arquivamento” das investigações em curso, em benefício de aliados do ex-presidente.
Além de Moraes, outros membros da cúpula do Judiciário se pronunciaram durante a sessão, incluindo o presidente do STF, Luís Roberto Barroso, o ministro Gilmar Mendes, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, e o advogado-geral da União, Jorge Messias.
Eduardo Bolsonaro está nos Estados Unidos desde março, quando tirou licença do mandato parlamentar alegando perseguição política. Ele retornou ao cargo no último dia 20.
Com supervisão de Marcos Silva.




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