Um larápio sombrio parece rondar, por vezes quase ouço seus passos. Ele não quer coisas grandes, só miudezas, coisas insignificantes que, entretanto, assumem dimensão desproporcional quando afrontam pela ausência.
Um dia qualquer, seu alvo pode ser canetas, as mais vagabundas, desprezíveis. Mas… um sentimento de perda toma conta em calafrios de pavor porque uma caneta qualquer sumiu, estava na bolsa, numa gaveta e não está mais.
Alguém surrupiou! Quem? Desconfia do mais ingênuo colega de trabalho, aquele que sempre empresta tudo e nunca pede nada. Como pode alguém roubar uma simples caneta! E a coisa se avoluma pensando em quem poderia ter subtraído a tal sem-vergonha caneta. Depois… lá aparece ela, a caneta, num bolso ou caída no chão.
O ladrão era o pior de todos: o próprio dono, eu, você, qualquer um que busca culpados noutra direção e não reconhece a própria escuridão. Ladrão invisível longe da auto percepção. Coisa banal, que nos maus ímpetos vira colossal…
Autoria: Renata Regis Florisbelo
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