A música popular brasileira perdeu uma de suas vozes mais marcantes. Morreu na manhã desta segunda-feira (8), no Rio de Janeiro, a cantora Angela Ro Ro, aos 75 anos. Dona de sucessos inesquecíveis da MPB, como Amor, Meu Grande Amor, ela estava internada no Hospital Silvestre, onde faleceu em decorrência de uma infecção hospitalar, segundo confirmou seu advogado, Carlos Eduardo Lyrio.
Conhecida pela voz rouca e interpretação intensa, Angela Ro Ro marcou as décadas de 1970 e 1980 como um dos grandes nomes da música brasileira. Sua companheira, com quem estava há quatro anos, preferiu não se identificar, mas está consternada com a perda.
Carreira marcada por um álbum histórico
Angela Maria Diniz Gonsalves, nome de batismo da cantora, nasceu no Rio de Janeiro em 5 de dezembro de 1949. Seu álbum de estreia, lançado em 1979 e intitulado simplesmente “Angela Ro Ro”, é considerado um clássico. Com influências de blues e rock, trouxe letras confessionais e emocionantes, que abriram caminho para uma nova geração da música nacional.
Foi deste trabalho que surgiu seu maior sucesso, Amor, Meu Grande Amor, além de outras canções marcantes como Gota de Sangue, Tola Foi Você, Balada da Arrasada e Agito e Uso. Essas músicas se tornaram hinos da sua carreira e permanecem até hoje no imaginário coletivo da MPB.
Dificuldades e afastamento do grande público
Apesar do sucesso inicial, Angela Ro Ro não conseguiu repetir a mesma repercussão com seus álbuns posteriores. Entre 1980 e 1985, lançou seis discos, mas nas décadas seguintes sua produção foi esparsa, com apenas quatro trabalhos em mais de 40 anos.
A artista também enfrentou uma vida conturbada fora dos palcos. Nos últimos anos, chegou a pedir ajuda financeira a fãs e amigos nas redes sociais, devido a problemas de saúde e dificuldades para manter seus tratamentos. Foram mencionados quadros pulmonares e renais, além de procedimentos como hemodiálise e traqueostomia.
Presença marcante nos palcos
Nos shows, Angela Ro Ro era reconhecida pelo talento no piano e pelo carisma. Suas apresentações misturavam canções intensas e relatos pessoais, que encantavam o público e criavam uma atmosfera intimista, quase de cabaré. Quem teve a oportunidade de assistir suas últimas performances antes da pandemia relatou que sua força artística permanecia intacta, mesmo com as dificuldades.
Uma trajetória singular na música
Angela Ro Ro carregou desde a infância o apelido que se tornaria marca registrada. Estudou piano clássico desde os cinco anos e sempre admirou cantoras de personalidade forte, como Elis Regina, Billie Holiday, Maysa e Ella Fitzgerald. Na juventude, viveu na Europa, especialmente em Londres, onde se apresentou em pubs e deu os primeiros passos como cantora profissional.
Ela também teve uma importante ligação com o movimento tropicalista, participando do disco Transa, de Caetano Veloso, em 1972, onde tocou gaita na faixa Nostalgia.
A morte de Angela Ro Ro deixa uma lacuna irreparável na MPB, mas sua obra segue como referência de autenticidade, coragem e intensidade emocional.
Com supervisão de Marcos Silva.




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