O governo federal lançou nesta quarta-feira (6) o programa Aqui é Brasil, uma resposta humanitária à crescente deportação e repatriação forçada de brasileiros no exterior, com foco nos recentes casos registrados nos Estados Unidos sob a gestão do ex-presidente Donald Trump.
Coordenado pelo Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC), o programa tem como objetivo oferecer acolhimento, assistência e reintegração a brasileiros em situação de vulnerabilidade migratória, desde o momento do desembarque até sua reinserção social e econômica.
Ações emergenciais e reintegração
O Aqui é Brasil oferece suporte psicossocial, abrigo, alimentação, transporte, cuidados de saúde e regularização documental para os repatriados. A articulação envolve diversos ministérios, como os das Relações Exteriores, Saúde, Justiça, Desenvolvimento Social e Trabalho.
Durante o lançamento, a ministra dos Direitos Humanos, Macaé Evaristo, destacou a importância de garantir acesso ao mercado de trabalho, à educação e à cidadania plena para os repatriados e seus familiares.
“Estamos em negociação com o Conselho Nacional de Educação e com o Ministério da Educação para garantir o acolhimento das crianças. Também vamos assinar uma portaria sobre inserção no mundo do trabalho”, afirmou a ministra.
Quatro eixos de atuação
O programa está estruturado em quatro eixos estratégicos para garantir acolhimento e inclusão:
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Acolhimento humanizado nos aeroportos, com triagem e apoio emergencial;
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Reintegração social e econômica, com foco em trabalho, documentação e reunificação familiar;
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Fortalecimento da governança migratória, por meio de dados e políticas baseadas em evidências;
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Promoção de parcerias multissetoriais, com a participação de governos, setor privado, sociedade civil e organismos internacionais, como a Organização Internacional para as Migrações (OIM).
O programa terá duração inicial de 12 meses e conta com R$ 15 milhões em recursos, por meio de termo firmado com a Agência Brasileira de Cooperação (ABC).
Perfil dos repatriados: jovens, trabalhadores e em vulnerabilidade
Desde fevereiro de 2025, o Brasil recebeu 1.223 brasileiros repatriados, a maioria dos quais deportados dos EUA. Segundo dados do MDHC, 77,6% são homens, com predominância da faixa etária entre 18 e 39 anos; 89% chegaram sozinhos, sem familiares; Após o retorno, 61,39% foram acolhidos por parentes; Os principais destinos foram Minas Gerais, Rondônia, São Paulo, Goiás e Espírito Santo; 74,2% pretendem trabalhar no Brasil, e quase 54% têm ensino médio completo ou incompleto.
Condições de vida nos EUA e laços familiares
A maioria dos repatriados viveu em estados como Massachusetts, Texas, Flórida e Nova Jersey, onde há concentração de comunidades brasileiras. Os dados revelam ainda que 81,53% trabalhavam em jornadas acima de 8 horas por dia, frequentemente em condições precárias; 35,67% não deixaram parentes nos EUA, enquanto 14,88% deixaram cinco ou mais familiares no país.
Política migratória e desafios futuros
O endurecimento das políticas migratórias norte-americanas tem provocado aumento no número de deportações de brasileiros, acentuando a necessidade de ações de acolhimento humanitário coordenado.
Com o programa Aqui é Brasil, o governo pretende transformar o retorno forçado em uma oportunidade de reinício com dignidade, apoio social e acesso a direitos fundamentais, enfrentando não apenas os efeitos da migração forçada, mas também suas causas estruturais.
*Com informações da Agência Brasil




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