Os governadores Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), Ronaldo Caiado (União Brasil-GO) e Ratinho Jr. (PSD-PR) mantêm silêncio público diante da recente decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de aplicar uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros. O anúncio, feito na quarta-feira (9), veio acompanhado de uma carta enviada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em que Trump manifesta apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), atualmente investigado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe.
Considerados pré-candidatos à presidência em 2026, os três governadores tentam equilibrar sua relação com o eleitorado bolsonarista e o mercado. A postura reservada contrasta com a do governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), que criticou abertamente o presidente Lula. “As empresas e os trabalhadores brasileiros vão pagar, mais uma vez, a conta do Lula, da Janja e do STF”, afirmou. Zema responsabilizou o governo federal por criar um ambiente de instabilidade e censura, o que, segundo ele, prejudica a economia mineira e nacional.
Aliados próximos aos governadores afirmam que o momento exige cautela. Há receio de que manifestações públicas em defesa de Bolsonaro ou de Trump sejam mal recebidas por empresários e investidores afetados pela medida tarifária.
Levantamento mostra que, entre janeiro e junho deste ano, os quatro estados governados por Tarcísio, Caiado, Ratinho Jr. e Zema exportaram R$ 9,9 bilhões para os Estados Unidos. Só São Paulo respondeu por R$ 6,3 bilhões desse total.
Apesar de não comentar diretamente a tarifa, Ratinho Jr. divulgou um vídeo nas redes sociais em que critica a polarização política. “Eu não perdi tempo brigando com ninguém, até porque o povo não me paga para brigar, paga para trabalhar”, declarou.
Tarcísio, por sua vez, ainda não se posicionou oficialmente sobre o apoio de Trump a Bolsonaro. O governador paulista, tido como um dos nomes mais fortes para a disputa presidencial de 2026, tem evitado ataques diretos ao STF e busca manter diálogo com ministros da Corte. Ele compartilhou recentemente uma publicação de Trump em apoio a Bolsonaro, mas afirmou que o ex-presidente deve ser julgado nas urnas pelo povo brasileiro.
O ex-presidente Bolsonaro continua afirmando ser vítima de perseguição política. Em resposta à carta de Trump, o presidente Lula convocou uma reunião de emergência com ministros e declarou, em nota oficial, que o Brasil “é um país soberano com instituições independentes que não aceitará ser tutelado por ninguém”.
Leia também Governo vai recorrer à OMC contra tarifaço de Trump




Add Comment