No Dia Nacional da Filantropia, comemorado desde 2019, o Hospital Bom Jesus faz um chamado à sociedade: apoiar quem apoia. Referência no atendimento pelo Sistema Único de Saúde (SUS), a instituição realiza mais de 90% de seus atendimentos de forma gratuita, sendo um dos principais pilares da saúde pública na região.
Em entrevista ao BnT, a diretora geral do hospital, Alba Lucia de Menezes Sá, explicou que, para ser reconhecida como uma instituição filantrópica no Brasil, é preciso seguir regras rigorosas. Uma das exigências é que pelo menos 60% dos atendimentos sejam destinados a pacientes do SUS. “A gente não tem dificuldade com isso. Fazemos mais de 90%. Nosso compromisso é real”, afirma.
Além do volume de atendimentos, o Bom Jesus também realiza procedimentos de alta complexidade, que são, em sua maioria, realizados por hospitais filantrópicos. “Mais de 70% dos transplantes no Brasil são feitos pelo SUS. E a maior parte deles é executada por instituições filantrópicas. Isso salva vidas todos os dias”, reforça Alba.
Ela define a filantropia como o lugar “onde a necessidade e a possibilidade se encontram”. É por meio da mobilização comunitária — doações, parcerias e voluntariado — que o hospital mantém seus serviços funcionando com qualidade.
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Voluntariado que transforma
O Hospital Bom Jesus mantém um setor estruturado para receber voluntários, com capacitação e acompanhamento para garantir a segurança de todos. “Temos linhas específicas de atuação, como o bem-estar dos pacientes. Já tivemos, por exemplo, um barbeiro que vinha cortar o cabelo e fazer a barba dos internados. Isso muda o dia de alguém que está em tratamento”, relata a diretora.
Grupos artísticos, corais, palhaços, estudantes e outros voluntários também são bem-vindos. “A música, a arte, o cuidado – tudo isso é filantropia. Um momento de alegria pode transformar o dia de um paciente, melhorar sua resposta ao tratamento e aliviar a saudade de casa”, completa.
Filantropia com responsabilidade
A legislação brasileira garante isenções fiscais às instituições filantrópicas, como a dispensa da contribuição patronal ao INSS. Em troca, é exigido que essas instituições devolvam esse benefício à sociedade com serviços gratuitos. “Houve um tempo em que algumas instituições se beneficiavam dessas isenções sem cumprir sua parte. Hoje, há fiscalização rigorosa e prestação de contas anual ao Ministério da Saúde”, afirma Alba.
No Bom Jesus, eventuais superávits gerados por atendimentos privados — como convênios ou atendimentos particulares — são reinvestidos integralmente no próprio hospital. “Não existe lucro aqui. O objetivo é ampliar e qualificar o atendimento SUS. É um modelo sustentável e transparente.”
Como ajudar
A diretora reforça que há muitas formas de participar da filantropia, como oferecendo doações mensais de qualquer valor, trabalho voluntário, com organização e capacitação, e até parcerias com empresas, que podem apoiar projetos e reformas;
“Uma doação de R$ 30 pode parecer pouco, mas, somada a outras, permite grandes investimentos. Juntos, conseguimos planejar a compra de equipamentos e melhorar a estrutura. Filantropia é isso: potencializar o bem coletivo”, resume Alba.
Apoio institucional
Embora o Hospital Bom Jesus seja uma entidade privada sem fins lucrativos, ele possui contratualização com o Governo do Estado para atendimento SUS. Com a Prefeitura de Ponta Grossa não há contrato direto, mas existe diálogo constante com vereadores, especialmente na indicação de emendas parlamentares.
“Os vereadores têm um papel importante, não só pelas emendas, mas também como articuladores. Eles representam segmentos da sociedade e podem mobilizar suas bases, sindicatos, associações e empresas para apoiar a causa filantrópica”, destaca a diretora.




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