O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) apresentou duas denúncias contra seis policiais militares do Batalhão de Choque por crimes de peculato e furto qualificado, durante a Operação Contenção, realizada em 28 de outubro de 2025 no Complexo do Alemão e na Vila Cruzeiro, na Zona Norte do Rio.
As denúncias, protocoladas na Auditoria Militar, foram fundamentadas na análise de vídeos gravados pelas câmeras corporais utilizadas pelos próprios agentes.
Fuzil desviado durante rendição de suspeitos
Na primeira denúncia, a 1ª Promotoria de Justiça junto à Auditoria Militar acusa o 3º sargento Marcos Vinicius Pereira Silva Vieira de recolher um fuzil semelhante a um AK-47 em uma casa onde cerca de 25 suspeitos já estavam rendidos.
Segundo o MP, em vez de entregar a arma ao setor responsável pela contabilização do material apreendido, Vieira se afasta do local com o armamento. Pouco depois, ele se encontra com o 3º sargento Charles William Gomes dos Santos e, juntos, escondem o fuzil em uma mochila, sem registrá-lo oficialmente.
Esse episódio resultou na denúncia por peculato, protocolada ainda na sexta-feira (28).
Peças de veículo são furtadas por policiais na Vila Cruzeiro
Na segunda denúncia, apresentada no sábado (29) pela 2ª Promotoria de Justiça junto à Auditoria Militar, os alvos são o subtenente Marcelo Luiz do Amaral, o sargento Eduardo de Oliveira Coutinho e outros dois policiais não identificados.
O grupo foi flagrado pelas câmeras corporais desmontando um veículo Fiat Toro estacionado na Vila Cruzeiro. As imagens mostram o sargento Coutinho retirando peças como o tampão do motor, faróis e capas dos retrovisores, enquanto Amaral e outro agente tentam impedir o funcionamento das câmeras corporais, bloqueando a visão dos equipamentos.
Um terceiro policial, identificado como Machado, presencia toda a ação, mas não interfere, o que também caracteriza omissão.
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Tentativas de manipular câmeras corporais são recorrentes
Nos dois casos, o Ministério Público destacou tentativas deliberadas de manipulação das câmeras corporais por parte dos policiais envolvidos. O Termo de Análise de Vídeo aponta ações como cobertura das lentes, alteração proposital do ângulo de filmagem e tentativas de desligamento dos dispositivos, medidas que ferem os protocolos oficiais e dificultam a apuração de condutas ilegais.
Segundo o MP, essas práticas comprometem o controle interno e externo da atuação policial e interferem na transparência do uso da força pelo Estado.
Outras irregularidades ainda estão sob investigação
As Promotorias de Justiça junto à Auditoria Militar informaram que ainda estão analisando todas as gravações realizadas durante a Operação Contenção, que somam dezenas de horas de material audiovisual. O objetivo é identificar eventuais novas irregularidades e verificar se os casos denunciados representam ações isoladas ou práticas sistemáticas em grandes operações.
Em nota, o Ministério Público informou que aguarda o recebimento das denúncias pela Justiça Militar e reforçou o compromisso de apurar com rigor possíveis abusos cometidos por agentes do Estado.
Operação mais letal do RJ em 2025
A Operação Contenção é considerada a ação policial mais letal do Rio de Janeiro nos últimos anos. Segundo a Secretaria de Segurança Pública, a operação visava conter o avanço do Comando Vermelho em áreas dominadas pelo tráfico.
Ao todo, 122 pessoas foram mortas, incluindo cinco policiais militares.
*Com informações da Agência Brasil




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