Uma disputa bilionária que envolve os bastidores da cervejaria Itaipava, do Grupo Petrópolis, virou um verdadeiro rolo jurídico que expôs como parentes de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Superior Tribunal de Justiça (STJ) estão diretamente envolvidos como advogados na causa.
O empresário Walter Faria, dono da Itaipava e da Petra, briga desde 2019 pelo controle da empresa de soja Imcopa, no Paraná, em recuperação judicial desde 2013, com dívidas estimadas em R$ 3,3 bilhões. Ele acusa antigos aliados – os empresários Renato Mazzucchelli, Ruy del Gaiso e seu ex-braço direito, Naede de Almeida – de terem dado um “golpe” para tomar o controle da empresa enquanto ele estava preso durante a Lava Jato.
Do outro lado, os ex-sócios negam qualquer golpe e afirmam que Faria sabia e concordou com os termos, abrindo mão de recuperar o dinheiro antes de 2025.
Mas o que realmente chama atenção é a quantidade de parentes de ministros de tribunais superiores que atuam como advogados nessa batalha jurídica. Estão envolvidos filhos, irmãos, esposas, enteadas e sobrinhos de ministros do STF, como Gilmar Mendes, Alexandre de Moraes, Cristiano Zanin e Kassio Nunes Marques, além do vice-presidente do STJ, Luis Felipe Salomão.
A briga se espalha por diferentes tribunais – Justiça do Paraná, Justiça Federal de Brasília e STJ – e pode acabar chegando ao STF. Se isso acontecer, pode haver uma série de impedimentos, já que a lei proíbe um juiz de julgar casos onde parentes atuem como advogados.
Na prática, há parentes de Gilmar Mendes nos dois lados do processo: sua enteada defendeu o Grupo Petrópolis, enquanto sua esposa e outra filha atuam pela empresa Crowned, criada por Faria para investir na Imcopa. Também estão na disputa: a esposa de Cristiano Zanin, a irmã de Nunes Marques, a esposa de Alexandre de Moraes e o filho do ministro Salomão.
Os envolvidos negam qualquer interferência ou favorecimento, afirmando que as contratações foram feitas por mérito técnico e que os vínculos familiares não influenciam nas decisões judiciais.
Apesar das notas e justificativas, o caso escancara a proximidade entre o topo do Judiciário e disputas milionárias no setor privado.
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