A Associação Paranaense de Empresas de Base Florestal (APRE Florestas) expressou preocupação com as recentes tarifas impostas pelos Estados Unidos, que alcançam 50% sobre produtos brasileiros. Esta decisão, anunciada pelo presidente Donald Trump, pegou o setor florestal de surpresa, conforme relata Fábio Brun, presidente da entidade.
Brun descreve a nova taxação como uma medida prejudicial e inoportuna. “O fator surpresa agrava ainda mais a situação”, comentou, referindo-se ao fato de que uma tarifa similar já estava em vigor desde abril deste ano. Ele acrescenta que a indústria florestal nacional já enfrenta desafios significativos, incluindo custos elevados e problemas logísticos.
O governo dos EUA justifica a implementação dessa nova tarifa alegando um suposto desequilíbrio nas relações comerciais com o Brasil. Contudo, Brun contesta essa afirmação, argumentando que o Brasil apresenta um déficit na balança comercial com os Estados Unidos, o que torna difícil fundamentar economicamente tal decisão.
Para o presidente da APRE, essa ação é mais uma manobra política do que uma estratégia comercial ou técnica. “Reverter essa situação exigirá uma abordagem política e diplomática”, destacou. A entidade agora espera que o Brasil tome medidas rápidas para negociar com os EUA e mitigar os impactos dessa nova imposição tarifária.
Brun ressalta que há um prazo crítico de 23 dias para buscar uma solução diplomática que possa amenizar os efeitos da taxa. “É nesse período que o Brasil deve agir com firmeza”, afirmou ele. Além disso, sugere que a indústria comece a explorar alternativas caso as negociações não avancem. “Se essa decisão se mantiver, será necessário buscar rapidamente formas de minimizar o impacto negativo”, alertou.
A nova tarifa impacta diretamente as empresas que exportam produtos como madeira processada, painéis, papel e celulose para o mercado americano – itens de alto valor agregado cuja principal destinação é os Estados Unidos. O estado do Paraná, um dos maiores exportadores dessa categoria, destaca-se pela venda de compensado, madeira serrada e molduras de pinus, essenciais para a construção civil no país norte-americano. Dados da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep) indicam que cerca de 40% da madeira exportada para os EUA tem origem paranaense.
No ano de 2025, as exportações dos estados do Sul (Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul) totalizaram US$ 1,37 bilhão em produtos madeireiros destinados aos EUA, representando 86,5% do total exportado pelo Brasil nesse setor. Com o aumento das tarifas, a competitividade dos exportadores brasileiros se vê ameaçada; eles precisarão rever suas estratégias comerciais e analisar custos internos.
Diante desse cenário desafiador, a APRE Florestas alerta que a nova política comercial americana representa um obstáculo significativo à estabilidade e ao crescimento do setor florestal brasileiro, um segmento que movimenta bilhões de reais anualmente e gera milhares de empregos diretos e indiretos.
Com prazos apertados para reações efetivas, o Brasil enfrenta um desafio crucial na busca por soluções que possam minimizar os efeitos adversos da taxação. O engajamento político será fundamental para assegurar a posição competitiva dos produtos florestais brasileiros no mercado global e evitar perdas significativas em uma cadeia produtiva essencial para a economia nacional.
Sobre a APRE Florestas
A Associação Paranaense de Empresas de Base Florestal (APRE Florestas) abrange aproximadamente metade da área destinada a plantios comerciais no estado. O conselho científico da APRE é composto por importantes instituições de ensino e pesquisa, garantindo à associação uma base técnica sólida para promover ações em favor do setor florestal. Desde sua fundação em 1968, a APRE atua de maneira apartidária como porta-voz do setor no diálogo com entidades públicas e privadas em prol do desenvolvimento sustentável da indústria florestal paranaense.
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