Com mais de 470 participações em tribunais do júri e quase sete décadas dedicadas à advocacia criminal, o advogado Ângelo Pilatti Júnior compartilhou detalhes de sua trajetória em uma entrevista especial ao programa Plantão 192, no quadro “Rota da Lei”. Considerado um dos mais experientes criminalistas da região dos Campos Gerais, Pilatti falou sobre sua carreira, desafios enfrentados e a dedicação à justiça, especialmente nos casos mais sensíveis e complexos.
Aos 80 anos, Pilatti ainda atua na área e se mostra ativo nos tribunais, agora com o apoio da esposa e também advogada, Keg Cristina. “A advocacia é o meu sacerdócio. Sempre exerci com respeito, seriedade e honestidade. Acho que o advogado precisa conquistar a confiança do cliente, e isso só acontece quando se age com verdade”, afirmou.
Dos bancos escolares ao plenário do júri
Natural de Ponta Grossa, Pilatti perdeu o pai aos 11 anos e se mudou com a mãe para São Paulo em busca de melhores condições de estudo. Formado pela primeira turma de Direito da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), ele iniciou a carreira no Exército, como oficial da reserva, antes de se consolidar na advocacia.
Durante a conversa, ele relembrou o início difícil na profissão. “Pegava meu carro, ia até outras comarcas e me colocava à disposição para atuar de forma gratuita em casos de pessoas sem condições financeiras. Era uma forma de praticar e me apresentar”, recorda.
Essa estratégia ousada o levou a advogar em mais de 20 comarcas do Paraná, consolidando seu nome no cenário jurídico estadual. Segundo ele, seu primeiro júri foi um marco, quando, ainda iniciante, foi convidado a defender um réu ao lado do renomado advogado Narci Nadal — e obteve a absolvição.
Atuação política e contribuição para a segurança pública
Além da advocacia, Ângelo Pilate também teve uma marcante atuação política. Foi vereador por 14 anos em Ponta Grossa, sendo eleito por três mandatos consecutivos, inicialmente pela Arena. Durante esse período, destacou-se por projetos voltados à segurança pública, como a articulação para a construção do Instituto Médico Legal (IML) da cidade e da Cadeia Pública “Hildebrando de Souza”.
“Como advogado criminalista, entendi que precisava atuar também na origem dos problemas, nas políticas públicas de segurança”, explicou.
Casos marcantes e limites éticos
Ao longo de sua carreira, o advogado criminalista cuidou de centenas de processos, muitos deles difíceis e emocionalmente intensos. Apesar de sua vasta experiência, Pilate reconhece que nenhum caso é fácil, principalmente no tribunal do júri. “Ali você vê a dor da vítima e do réu, é um palco de emoções. Você precisa ter serenidade para defender com justiça.”
Ele também revelou que recusa causas quando não vê base ética ou quando considera o crime bárbaro e indefensável. “Não assumo tudo. Tenho que acreditar que estou ali por um motivo justo. Não posso prometer ao cliente o que não posso cumprir”, pontuou.
Com supervisão de Marcos Silva.




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