Um estudante do curso de Direito da UniCesumar, em Ponta Grossa, foi acusado de homofobia contra um professor durante uma aula realizada na última semana. O caso teria ocorrido durante uma discussão em sala, envolvendo temas ligados à legislação e às garantias constitucionais. A situação gerou repercussão na instituição e resultou na abertura de uma sindicância interna para apuração dos fatos.
De acordo com o relato do professor, houve ameaça direta por parte do aluno durante o episódio. “Então, eu fui ameaçado dentro da sala de aula por um aluno. O aluno fez menções na discussão, diversas vezes, que era homem, que resolvia as coisas como homem e que ele resolveria as coisas lá fora”, afirmou o docente.
À reportagem, o professor relatou ter solicitado à coordenação a suspensão do aluno de suas disciplinas. “Solicitei a suspensão do acadêmico das minhas disciplinas e não acataram meu pedido. Assim, para eu continuar na atividade, teria que conviver com o rapaz que me ameaçou”, disse.
O estudante acusado, identificado como Ataide, participou do programa Plantão 192 nesta segunda-feira (16) e apresentou sua versão dos fatos. Ele alegou que houve um debate acalorado em sala de aula após ele expressar uma opinião sobre um tema jurídico. “Tudo começou em uma aula de direito público, em uma legislação específica na qual estudo há algum tempo. Causou muita repercussão a minha opinião e isso causou um debate”, afirmou.
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Segundo Ataide, o professor teria abordado, como de costume, temas relacionados a homofobia e liberdade de expressão, incluindo casos como o do humorista Léo Lins e um episódio do programa da Xuxa.
“Eu me recordo, a gente tratava naquela aula sobre garantias constitucionais. Por exemplo, naquela aula em específico, a gente falava sobre liberdade de expressão. Aconteceu que em todas as aulas, faz um ano e meio que a gente está com o professor, ele sempre deixou abertamente casos, ele sempre trouxe à tona casos sobre homofobia. Isso sempre foi normal e ninguém nunca questionou”, relatou.
O estudante afirmou ainda que o atrito teria se intensificado quando foi chamado a atenção em sala.
“Nesse exato momento o professor me chamou a atenção. Aí aconteceu toda essa discussão, eu querendo só o respeito dele de não ter mais uma vez me colocado nessa situação, que já havia sido recorrente”, disse Ataide.
A defesa do estudante, o advogado Renato Borges, afirmou que a universidade instaurou uma sindicância para investigar o ocorrido. Um boletim de ocorrência foi lavrado na 13ª Subdivisão Policial.
Posicionamento
A equipe de reportagem do Portal BnT buscou contato com a UniCesumar para um posicionamento oficial da instituição sobre o caso. Em nota, a entidade reafirmou que as medidas foram adotadas assim que a direção teve ciência da situação.
“A Direção da Instituição, no mesmo momento em que foi notificada sobre o ocorrido, iniciou a abertura do protocolo de sindicância interna para realizar a apuração rigorosa dos fatos e compreender o cenário. Pouco depois do ocorrido, o professor solicitou seu desligamento da universidade, mesmo com o protocolo de sindicância já em processo de abertura”, diz a nota.
A UniCesumar destacou ainda que sindicância está em andamento e todos os envolvidos estão sendo ouvidos e que após a conclusão ds fatos, a entidade vai adotar todas as medidas necessárias de acordo com o regimento interno da empresa e a le vigente.
“A UniCesumar repudia qualquer ato discriminatório de raça, sexo e crença, assim como outros discursos de ódio contra qualquer classe, e reforça seu compromisso com o respeito, o diálogo e a integridade de toda a comunidade acadêmica”, diz a nota.



