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Coluna

“Acidente zero: o novo papel do profissional de segurança como agente de mudança”, por Rafael Mansani e José Leal

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O papel do profissional de segurança vai muito além de fiscalizar normas e emitir relatórios. Hoje, a verdadeira missão é ajudar as organizações a evoluir em direção a um ambiente de trabalho sem acidentes — uma cultura sustentável de acidente zero.

Isso exige uma transição: sair da postura de especialista técnico e assumir a identidade de agente de mudança. Quando ampliamos nossa visão sobre as causas e influências da segurança ocupacional, passamos a atuar de forma estratégica, influenciando comportamentos, decisões e resultados.

Como afirmam Donald R. Groover e Jim Spigener, autores do artigo The Emerging Role of the Safety Professional, o profissional de segurança moderno é aquele que move sistemas, pessoas e cultura em uma direção de melhoria contínua.

O método importa — e muito

Ser um agente de mudança significa desenvolver uma visão abrangente da segurança, enxergando além da conformidade técnica.

O desafio é equilibrar a amplitude estratégica com a precisão operacional. Em outras palavras: pensar grande, mas agir com foco.

Quanto mais complexas as organizações se tornam, maior o risco de falhas humanas, desvio de padrões e fragilidade cultural. Por isso, a metodologia adotada para implementar mudanças faz toda a diferença entre o sucesso e o fracasso.

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Armadilhas que o profissional deve evitar

O caminho rumo ao “acidente zero” não é linear. Há armadilhas que podem comprometer o processo, como:

Agir como “policial da segurança”, priorizando punições e esquecendo o propósito educativo e cultural da segurança.

Implementar modismos, adotando programas porque “todos estão fazendo”, sem analisar se eles realmente se alinham à cultura e às necessidades da organização.

Focar apenas na parte técnica, ignorando o fator humano e o contexto organizacional.

O profissional de segurança precisa atuar como líder e influenciador, não apenas como gestor de processos. É a capacidade de alinhar sistemas, cultura e propósito que gera resultados duradouros.

Cinco pilares para liderar a mudança

Groover e Spigener destacam cinco elementos essenciais para que o profissional de segurança atue como verdadeiro agente de transformação:

  • Avaliar a situação atual;
  • Antes de mudar qualquer sistema, é fundamental compreender o estado real da cultura organizacional:

Quais valores e crenças guiam o comportamento das pessoas?

Como os líderes percebem o papel da segurança?

A equipe de segurança possui credibilidade e capacidade de influência?

Essas respostas determinam o ponto de partida para qualquer mudança efetiva.

Definir uma visão clara

Toda transformação precisa estar conectada aos objetivos e valores estratégicos da empresa.

Sem essa conexão, o programa de segurança se torna periférico. O profissional precisa saber demonstrar por que as mudanças propostas fazem sentido para o negócio — e como elas fortalecerão a organização como um todo.

Criar uma estratégia realista de implementação

Uma boa estratégia não é apenas um cronograma.

Ela deve levar em conta:

As forças e fraquezas culturais da empresa;

O papel das lideranças na execução;

O engajamento e a comunicação contínua.

O sucesso vem quando as pessoas acreditam e participam da mudança — não apenas quando ela é “imposta”.

Alinhar recursos e objetivos

Estabelecer metas sem recursos é uma receita para o descrédito.

O profissional de segurança precisa ser pragmático: avaliar o que a empresa tem disponível (tempo, pessoal, orçamento) e ajustar os objetivos à realidade.

Metas realistas e recursos adequados comunicam comprometimento genuíno.

Manter o senso de vulnerabilidade

A complacência é o inimigo da excelência.

Mesmo quando os índices de acidentes são baixos, o profissional de segurança deve cultivar na organização um senso saudável de vulnerabilidade — a consciência de que sempre há espaço para melhorar.

Mudanças perdem força quando desaparece a visibilidade dos resultados. O papel do líder de segurança é renovar o foco, reconhecer avanços e identificar sinais precoces de queda de desempenho.

O futuro da profissão

As próximas décadas serão decisivas para os profissionais de segurança.

Quem continuar restrito a funções operacionais pode perder espaço.

Mas aqueles que desenvolverem uma mentalidade estratégica, aliando liderança, gestão de cultura e domínio técnico, terão um papel central na sustentabilidade organizacional.

Construir uma cultura de segurança sólida não é um evento — é um movimento contínuo.

E o profissional de segurança é o motor dessa transformação.

Conclusão

Ser um agente de mudança significa unir técnica, visão e propósito.

O profissional de segurança do futuro é um líder de influência, que entende de pessoas, processos e performance — e que coloca a segurança no centro da estratégia empresarial.

O verdadeiro “acidente zero” começa quando a cultura de segurança deixa de ser uma meta e passa a ser um valor.

About the author

Rafael Mansani e José Leal

Rafael Mansani e José Leal

Rafael Mansani - Engenheiro Civil e de Segurança do trabalho, pós graduado em Gestão Pública, Mestrando em Eng. De Produção. Diretor Executivo do IPLAN-PMPG.
José Leal - Engenheiro civil; Engenheiro de Segurança do Trabalho; Pós-Graduado em: Eng. Sanitária e Ambiental; MBA de Gestão de Eng. de Segurança do Trabalho; Ergonomia; Administração Aplicada à Segurança do Trabalho.

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