O general da reserva Mario Fernandes, que foi secretário executivo da Secretaria-Geral da Presidência no governo Bolsonaro, admitiu nesta quinta-feira (24) ao Supremo Tribunal Federal (STF) ter elaborado o plano intitulado “Punhal Verde e Amarelo”, que previa o assassinato de autoridades como o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo.
Em seu depoimento por videoconferência, Fernandes classificou o plano como “um pensamento pessoal digitalizado”, alegando que nunca compartilhou o conteúdo com outras pessoas. A Polícia Federal, no entanto, aponta que o documento foi impresso duas vezes dentro do Palácio do Planalto, após a derrota eleitoral de Jair Bolsonaro (PL) em 2022.
Documento previa ações violentas e uso de armas pesadas
Segundo a PF, o texto detalhava o uso de armas como fuzis, metralhadoras e até lançadores de granadas, além de possíveis atentados com explosivos e substâncias químicas para provocar colapso orgânico nas vítimas. O plano é descrito como uma estratégia com características terroristas e fazia parte de uma articulação golpista maior.
Fernandes responde como réu no chamado “núcleo 2” do inquérito que apura a tentativa de golpe de Estado. Este grupo é acusado de articular e gerenciar ações para impedir a posse de Lula, incluindo a elaboração de estratégias para manter Bolsonaro no poder.
General teria influenciado discurso de Bolsonaro
Conversas entre Mario Fernandes e Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, mostram que o general teria ajudado o então presidente a preparar seu primeiro discurso após a derrota no segundo turno. A fala foi feita no dia 9 de dezembro de 2022, no cercadinho do Palácio da Alvorada. Na mesma data, segundo a investigação, o plano teria sido impresso dentro da sede do governo.
As audiências desta quinta-feira ouviram 12 acusados dos núcleos 2 e 4 do caso. Apenas Silvinei Vasques, ex-diretor da PRF, ainda não foi interrogado. A maioria dos depoimentos está sendo realizada por videochamada. Os réus têm o direito de permanecer em silêncio, mas até o momento todos optaram por prestar esclarecimentos.
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