O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil se prepara para uma reunião crucial na próxima quarta-feira, 18 de outubro, onde pode decidir interromper a trajetória de aumento da taxa Selic, atualmente fixada em 14,75% ao ano, o maior nível registrado em quase duas décadas. A decisão será anunciada após as 18h.
A expectativa do mercado, segundo pesquisa realizada pelo Banco Central com mais de 130 instituições financeiras, indica que muitos analistas acreditam que o atual cenário econômico já permite uma pausa no ciclo de elevações que começou em setembro do ano passado. O Itaú, por exemplo, projeta que o Copom deverá manter a Selic nesse patamar, sinalizando uma estabilidade prolongada da taxa.
No entanto, existem também instituições financeiras que sugerem a possibilidade de um novo aumento da Selic, alcançando 15% ao ano. O banco ABC Brasil, em sua análise, prevê um ajuste final de 25 pontos base na próxima reunião, enfatizando a importância da credibilidade do Banco Central em sua atual gestão e indicando uma manutenção dos juros nesse nível até o fim do ano.
A taxa Selic é o principal instrumento utilizado pelo Banco Central para combater pressões inflacionárias, especialmente aquelas que impactam as camadas mais vulneráveis da população. A instituição define a taxa com base em um sistema de metas: se as projeções de inflação estão dentro dos parâmetros estabelecidos, é possível considerar cortes nos juros; caso contrário, a tendência é de manutenção ou aumento da Selic.
Com o início do sistema de metas contínuas em 2025, a meta de inflação foi ajustada para que seja considerada cumprida se os índices variarem entre 1,5% e 4,5%. Neste momento, as expectativas do mercado para a inflação oficial nos próximos anos superam essa meta central de 3%, com projeções de 5,44% para 2025 e até 4% para 2027.
O Banco Central admitiu recentemente que existe a possibilidade de descumprimento da meta de inflação já em junho deste ano. Em sua ata mais recente, publicada em maio, a instituição reafirmou seu compromisso em monitorar cuidadosamente a situação econômica e ajustar suas políticas monetárias conforme necessário.
Além disso, a desaceleração econômica é vista como um componente essencial na estratégia do Banco Central para controlar a inflação. A ata da última reunião destacou que a economia ainda opera acima do seu potencial sem gerar pressão inflacionária significativa. O presidente do BC, Gabriel Galípolo, tem defendido uma abordagem de manutenção das taxas elevadas por um período prolongado como parte dessa estratégia.
Na véspera da importante reunião do Copom, Galípolo participou de uma entrevista com o ex-presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Durante a conversa, ambos abordaram as críticas enfrentadas pela gestão e discutiram sobre as diretrizes futuras da política monetária. Campos Neto destacou que todos os presidentes do Banco Central enfrentam desafios similares e enfatizou a importância da comunicação técnica e transparente nas decisões econômicas.
Com o cenário econômico em constante evolução e as pressões inflacionárias ainda presentes, a reunião do Copom promete ser um ponto decisivo para os rumos da política monetária brasileira nos próximos meses.
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