Neste 24 de abril de 2025, Jaguariaíva celebra uma data histórica: os 150 anos de sua elevação à categoria de vila, status conferido pela Lei Provincial n.º 423, sancionada em 24 de abril de 1875 pelo então Presidente da Província do Paraná, Dr. Frederico José Cardoso de Araújo Abranches. A elevação representou um divisor de águas no processo de emancipação político-administrativa da localidade, até então subordinada à Vila de Castro.
Para entender a importância desse marco, é preciso retroceder ainda mais no tempo. A história de Jaguariaíva começa a se consolidar em 1795, quando o Capitão-Mor Luciano Carneiro Lobo adquiriu a Fazenda Jaguariaíva, território pertencente à Vila de Castro. Em uma região de passagens tropeiras e amplos sertões, a fazenda tornou-se pólo de desenvolvimento econômico e espiritual.
Esse processo de ocupação culminou em 15 de setembro de 1823, quando, por meio de Alvará Imperial assinado por Dom Pedro I, a localidade foi elevada à condição de freguesia, sob o orago do Senhor Bom Jesus da Pedra Fria. No contexto do século XIX, a freguesia constituía uma unidade eclesiástica e civil — era o núcleo administrativo em torno de uma paróquia, comandado por um vigário e com alguma autonomia administrativa, mas ainda dependente de uma vila maior. A criação de uma freguesia era, portanto, o primeiro passo rumo à organização urbana e à futura emancipação.
Cinco décadas depois, o avanço da região no cenário econômico e social demandava uma estrutura administrativa mais robusta. Assim, em 1875, a transformação em vila conferiu à comunidade o direito de estabelecer Câmara Municipal, organizar eleições locais e dispor de maior autonomia para legislar sobre questões locais. No Império, a condição de vila era um importante reconhecimento político e institucional, equivalente a uma espécie de pré-município.
O crescimento continuou: em 1892, já sob o regime republicano, Jaguariaíva foi finalmente elevada à categoria de município, com governo próprio e independência total da antiga sede em Castro. Já em 1908, o progresso urbano e o número de habitantes justificaram sua elevação à condição de cidade, status mantido até os dias de hoje.
Ao longo de um século e meio, Jaguariaíva consolidou-se como centro regional de relevância histórica, econômica e cultural. Celebrar os 150 anos de sua elevação à categoria de vila é mais do que rememorar um decreto: é reconhecer os passos firmes de uma comunidade que, desde os tempos de Luciano Carneiro Lobo, caminha rumo ao futuro sem jamais esquecer suas raízes.
Que o 24 de abril siga como data de orgulho e memória para todos os jaguariaivenses.
Artigo por Rafael Gustavo Pomim Lopes (o autor é historiador e ocupa a cadeira nº 4 da Academia de Letras dos Campos Gerais)
