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Policial Ponta Grossa

“Paga no PIX ou seu caminhão fica”: policiais cobravam propina em rodovias e até ofereciam Wi-Fi para agilizar pagamento

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Investigações revelam esquema criminoso em postos rodoviários do Paraná. Motoristas eram coagidos a pagar propina em dinheiro ou via PIX. Policiais usavam celular próprio e QR Code para receber valores indevidos.
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“Se não pagar, seu caminhão fica.” Foi com esse tipo de abordagem que motoristas, principalmente caminhoneiros, foram coagidos a pagar propinas a policiais rodoviários estaduais em trechos da região de Ponta Grossa e Guarapuava, no Paraná. A prática foi revelada pelo Ministério Público do Estado através do GAECO durante as operações Via PIX e Rota 466, deflagradas nesta terça-feira (7), com apoio da Corregedoria da Polícia Militar.

O que mais chamou a atenção dos investigadores foi o grau de naturalidade e estrutura criminosa com que os policiais agiam. Durante abordagens nas rodovias, exigiam pagamentos para “resolver” multas, evitando retenções ou apreensões de veículos. Se o motorista não tivesse dinheiro em mãos, os agentes apresentavam uma solução: “faz o PIX”.

PIX com Wi-Fi

A denúncia vai além. Segundo o Ministério Público, em muitos dos postos onde o sinal de celular era fraco, os próprios policiais ofereciam acesso ao Wi-Fi do posto policial para que os motoristas pudessem completar a transação financeira.

Os policiais portavam QR Codes em seus celulares pessoais e recebiam os valores por meio de contas bancárias de terceiros (laranjas) e empresas previamente cooptadas para ocultar a origem ilícita do dinheiro.

“Eles criaram um sistema funcional de cobrança. Não era improvisado. Eles sabiam o que estavam fazendo, como cobrar, de quem cobrar e para onde enviar o dinheiro”, afirmou um dos promotores da operação.

Apenas em um dia, equipe recebeu “propina o dia inteiro”

Em Guarapuava, durante a investigação, o Ministério Público identificou uma equipe de serviço que teria passado um dia inteiro abordando motoristas exclusivamente para extorquir valores. O caso é citado como um dos exemplos mais evidentes de que havia organização e divisão de tarefas entre os policiais, o que pode configurar formação de organização criminosa.

A investigação já identificou o envolvimento de:

  • 13 policiais rodoviários estaduais, sendo 9 em Ponta Grossa e 4 em Guarapuava;

  • 12 civis, entre laranjas e empresários;

  • 6 empresas, cujas contas bancárias eram utilizadas para movimentação dos valores ilícitos.

Os crimes investigados incluem concussão, corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Em um dos trechos investigados, foi confirmado o recebimento de pelo menos R$ 150 mil em propinas entre dezembro de 2024 e agosto de 2025 — valor que pode ser ainda maior.

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“Eles usavam a estrutura pública para operar o crime”

Durante a coletiva de imprensa, o Coronel Santana, da Polícia Militar, confirmou que a corporação está cooperando integralmente com as investigações e que os policiais afastados estavam todos em funções operacionais, nas ruas, atuando nas rodovias.

“Infelizmente, esses agentes usaram a estrutura do Estado — viaturas, uniformes, autoridade — para praticar crimes contra a própria população”, declarou o oficial.

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